Uso das máscaras na prevenção ao Covid-19
O avanço da pandemia do coronavírus aqui no Brasil está nos assustando. São centenas de novos casos a cada dia que passa e no último domingo, dia 3 de maio, o Brasil se tornou o 9º país com maior número de casos confirmados. De acordo com o painel de controle da Universidade Johns Hopkins já ultrapassamos o número total de casos e vítimas da China.
Além das medidas de distanciamento social e restrições de circulação, devemos redobrar nossos cuidados com a higienização das mãos e se precisar sair de casa, recomenda-se o uso de máscaras. Mas você sabe quais cuidados devemos ter para que elas possam nos proteger? E será que elas são de fato eficazes contra o coronavírus?
A bióloga, doutora em patologia e professora de biossegurança da UFCSPA, Cláudia Bica, explica porque devemos usar as máscaras e quais cuidados precisamos ter no dia a dia para que elas de fato nos protejam.
Por que as máscaras passaram a ser de uso obrigatório em alguns locais, como nos transportes públicos?
Sempre que há necessidade de sair e não podemos manter o distanciamento como nos transportes públicos precisamos tomar algumas medidas de precaução – ou seja, uso de máscaras e higienização das mãos com álcool gel.
A questão dos transportes públicos é que, mesmo com a capacidade reduzida, ainda não temos o distanciamento adequado.
Além disso, várias pessoas utilizam o transporte e não temos como saber a procedência de cada indivíduo e o estado de saúde. Como medida de precaução, a máscara se torna o melhor aliado, juntamente com a prática de higienização das mãos.
Não tenho Covid-19. A máscara vai me proteger?
Não necessariamente. Nenhuma máscara protege 100% contra a Covid-19. Prova disso é que até os profissionais da saúde se contaminam, mesmo usando todos os equipamentos de proteção individual obrigatórios.
Mas a máscara pode aumentar as chances de proteção, funcionando como uma importante barreira biológica.
Lembrando sempre: se eu toco na máscara, eu perco a proteção.
As máscaras caseiras de tecido, ou até mesmo o uso de lenços que cubram o nariz e a boca são eficazes?
Neste momento, não temos uma evidência científica robusta e nem testes biológicos de segurança para afirmarmos que as máscaras vão fornecer uma efetiva proteção.
O que podemos afirmar é que elas devem reduzir a chance de contaminação. Funcionando como uma barreira física (um obstáculo a mais para impedir que o vírus entre em contato com o nosso corpo).
Devemos lembrar que o vírus também pode entrar (se absorvido) pela conjuntiva (pelos olhos), por isso é importante também cobrir com óculos (de proteção). Tudo que utilizarmos aumenta a chance de proteção.
Qualquer barreira usada na frente de olhos, nariz e boca irá auxiliar.
A garantia de proteção dependente de quem usa e do material que a máscara é feita.
Exemplo: foi feita a higienização das mãos antes de tocar na máscara? O tecido da máscara é duplo (pelo menos)? Foi higienizado corretamente? Respeitei o tempo de duração de uso? A máscara veda bem meu rosto, sem deixar espaços?
Todos esses fatores influenciam na proteção, pois uma ação errada pode comprometer a proteção.
Existe alguma maneira que “potencialize” a eficácia das máscaras, como por exemplo, usar papel filtro?
Neste momento não temos evidências que digam “faça assim, faça diferente” que vai ser melhor.
O uso correto do EPI vai potencializar a eficácia. E o que potencializa? Bons hábitos de higiene, não tocar na máscara, lavar as mãos e falar menos possível quando estiver usando a máscara.
O filtro funciona como mais uma barreira, mas precisamos manter as boas maneiras. Se não, não resolve.
Lembrando que o filtro absorve água (papel filtro absorvente). A eficiência é perdida toda vez que a máscara molha. Portanto, se o filtro ou a máscara encostarem nos lábios, há perda de proteção, pois vai umedecer.
Qual a maneira certa de usar a máscara?
CABELOS: precisamos prender os cabelos: o cabelo solto e comprido vai tocar na máscara. Se a máscara estiver contaminada, quando eu removê-la, o cabelo que encostou nela, vai contaminar e pode encostar na minha boca.
*ALERTA DA BARBA: para os homens, o ideal é que não se tenha barba, pois ela impede a vedação da máscara junto ao rosto.
MÁSCARA: Abrir uma máscara limpa. tocar apenas no elástico. Colocar atrás das orelhas.
*ALERTA DE AJUSTE DA MÁSCARA: Verificar o ajuste junto ao nariz e as laterais e queixo. A máscara deve sempre cobrir o nariz e queixo.
Etiqueta de uso: Não tocar na máscara após colocação. Não abaixar ela no queixo ou abaixo do nariz. trocar a cada 2 horas ou se molhar/umedecer antes, trocar. Também é importante evitar ao máximo falar para ela não umedecer.
RETIRAR A MÁSCARA: faça a higiene das mãos ( lavar com água e sabão ou álcool 70%). Tocar apenas no elástico.
DESCARTE: Se for máscara caseira e se estiver na rua, guarde num saquinho fechado até chegar em casa para higienizar. Se for descartável, colocar no lixo comum.
A máscara N95 e cirúrgica utilizadas pelos profissionais da saúde são descartadas no lixo
biológico, com saco branco no ambiente da saúde. Em seguida, lavar as mãos ou passar álcool gel.
Lembrando que se a sua máscara for de TNT, ela também é descartável. Se for de pano, faça a higienização correta
HIGIENIZAÇÃO: A máscara caseira/pano deve ser desinfectada, não adianta lavar só com água e sabão. É preciso fazer um processo chamado de desinfecção, ou seja, remover os microorganismos. Só lavar não adianta porque o vírus fica aderido à trama do tecido.
Então: lavar as mãos, tirar a máscara segurando pelo elástico, colocar em um balde com 1 litro de água para uma colher de chá de água sanitária/hipoclorito, e deixar imerso por 20 minutos. Depois lavar com água e sabão, deixar secar ao sol (de preferência), passar a ferro e guardar em local limpo e seco.
Alguma previsão para o futuro em relação à pandemia?
Sairemos diferentes dessa experiência coletiva. Mais resilientes, flexíveis e adaptados.
Novos hábitos serão necessários. O comportamento em grupo deverá ser modificado.
E devemos sempre lembrar que as pandemias não são novas… historicamente o mundo já enfrentou surtos, como a de 1918 (Gripe Espanhola) e certamente outras virão. É preciso que todos aprendam, se adaptem e se transformem.
Dica: lave sempre as mãos, ainda enfrentaremos novas pandemias.
Por Fluir Comunicação