Sífilis – a epidemia de uma doença grave
A sífilis é uma doença que não escolhe idade, sexo, nem classe social. Transmitida pela bactéria treponema pallidum, o contágio pode se dar por meio de relação sexual (vaginal, anal e oral) sem proteção com quem está infectado, pelo contato com a parte do corpo que tenha alguma lesão provocada pela doença ou da mãe infectada para o bebê durante a gestação ou no parto.
A falta de tratamento pode comprometer vários órgãos como olhos, pele, ossos, coração, cérebro e sistema nervoso, podendo levar a morte.
SÍFILIS – Passado e presente
A doença surgiu no início da idade média e se alastrou pela Europa, contaminando figuras importantes do clero e da nobreza. No passado a doença vitimou personagens históricos, como: o escritor Oscar Wilde, os compositores Beethoven e Schubert, os pintores Van Gogh e Gauguin, entre outros. E, há ainda, pesquisadores que afirmam que o rei francês Luiz XV e o mafioso Al Capone morreram de sífilis. Segundo alguns historiadores, até mesmo Lenin e Hitler teriam sido contaminados pela doença, porém, não de forma letal. No Brasil o caso mais célebre é do jogador do Botafogo nos anos 40 e 50, Heleno de Freitas. Rico e boa pinta, elegante e mulherengo, Heleno morreu louco, vítima de sífilis aos 39 anos, num manicômio na cidade de Barbacena, em Minas Gerais.
Uma doença antiga e que parecia controlada, no entanto, hoje é uma epidemia no Brasil. Nos últimos cinco anos, segundo o Ministério da Saúde, houve um aumento de 5.000% em contágios de sífilis no país. Em 2012 foram 1.249 diagnósticos. Em 2015 a doença atingiu 65.878 pessoas. Para se ter uma ideia do atual problema, em 1955, 63 anos atrás, apenas 7 casos foram diagnosticados.
Estágios, sintomas e tratamento
A sífilis se apresenta em diferentes estágios: primário, secundário, latente e terciário. Os sintomas variam conforme a evolução da doença. A possibilidade de transmissão é maior durante os estágios primários e secundários. O médico especialista, presidente da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis – RS, Mauro Cunha Ramos, explica como a doença se apresenta em cada estágio e como deve ser feito o tratamento.
Sífilis congênita
O teste para diagnosticar a sífilis dever ser feito por todos, mas, principalmente pelas gestantes, pois a sífilis congênita pode causar aborto, má formação do feto e/ou morte ao nascer. O teste é simples e rápido, cerca de 20 minutos, e pode ser feito nos postos de saúde.
O uso da camisinha em todas as relações sexuais e o acompanhamento médico durante a gravidez são meios simples, confiáveis e baratos de prevenção contra a sífilis e outras doenças sexualmente transmissíveis.
Complicações
Se não tratada, a sífilis pode evoluir e se espalhar pelo corpo, causando complicações mais graves para os pacientes infectados.
- Surgimento de inchaços na pele, ossos, fígado e outros órgãos no último estágio da doença. Com tratamento, esses inchaços costumam desaparecer, mas se não tratados eles podem evoluir para tumores.
- Problemas neurológicos também podem aparecer, como AVC, meningite, surdez, problemas de visão e demência.
- Aneurisma e inflamação da aorta e de outras artérias e vasos sanguíneos, danos às válvulas do coração e outros problemas cardiovasculares também são algumas das complicações possíveis.
- As chances de contrair o vírus do HIV aumentam significativamente em pessoas com sífilis, pois as feridas presentes na pele, que são características dos dois primeiros estágios da doença, costumam sangrar facilmente, facilitando a entrada do vírus da AIDS no organismo durante uma relação sexual.